Homem de Ferro é sim um filme bom, não é o melhor exemplar de uma adaptação dos quadrinhos para as telonas, nem mediano e nem ruim, é simplesmente bom. Na minha humilde opinião, o melhor exemplar de adaptações de quadrinhos ainda é Batman Begins, mas, vamos deixar o morcegão de lado.

Iron Man, nos apresenta ao milionário Tony Stark, playboy, mulherengo, genial e dono de uma mega-corporação que fornece armas para o exército norte-americano, só que um belo dia, após a apresentação do poderoso míssil Jericó, ele é seqüestrado, ferido gravemente e obrigado a trabalhar num projeto para o tal grupo. Tony vê suas armas nas mãos dos bandidos o que o faz reavaliar toda a sua vida de dedicação à criação de poderosas armas, assim nasce o embrião do que seria o herói, Homem de Ferro.

É uma história de origem que segue os passos do filme do morcegão. Nos mostra o herói sendo arrancado do seu normal e jogado num mundo diferente, onde ele não está mais seguro, onde o mundo não é mais um lugar legal de se viver. O que fica claro no filme logo depois que Tony vê toneladas de suas armas nas mãos dos terroristas, o mundo em que o playboy acreditava vai pro beleléu.

Ser seqüestrado por terroristas e ter um dispositivo implantado no peito impedindo que seu coração pare, foi a melhor coisa que aconteceu a Tony Stark, seus olhos foram abertos mostrando que o mundo não é um lugar bonito e colorido de vermelho e azul. O bon viván vê que ele contribui, e muito, para o mundo ser como é, um lugar governado por homens cruéis, um lugar onde tudo o que importa é o lucro. Suas armas matam pessoas inocentes e são usadas por aqueles que deviam ser combatidos por elas. E como o filme mesmo diz “Manda aquele que têm o maior bastão”

Toda a intensidade dramática do filme é centralizada em Tony Stark (Robert Downey Jr. numa de suas melhores atuações). Downey Jr. é quem leva o filme nas costas, tudo bem que temos toneladas de efeitos de tirar o fôlego, armaduras bem legais, dois caminhões e meio de referências para os fãs da Marvel, Terrence Howard e Jeff Bridges, mas é Jr. quem leva o filme nas costas. O playboy é interpretado com maestria por ele, Downey Jr. entende a cabeça de Stark e o faz com vida, como se fosse ele mesmo ali, uma atuação tão natural que nem percebemos que ele está interpretando um papel.

Outro trunfo do filme é a direção de Jon Favreau, empolgado desde o dia que assumiu a direção do longa. Essa empolgação fica estampada em cada plano do filme. Soluções engenhosas com a câmera e de direção me fizeram gostar ainda mais dele (gostei de Um Duende em NY). A cena mais legal é aquela onde Tony usa o Mark-1 (esses são os nomes das armaduras, Mark-1, Mark-2, Mark-3) para fugir dos terroristas. Câmera na mão, subjetivas... Soluções simples, mas que funcionam muito bem, ponto pra ele. Legal também é o vilão, Obadiah Stane. Jeff Bridges, que dá aulas de cinismo para ganhar um extra no final do mês. O resto do elenco está na média, mas todos estão bem legais, destaque desses para Terrence Howard, empolgado como sempre, também tem a Gwyneth Paltrow, chatinha como sempre. Detalhe para a cena onde Stan Lee, a mente criativa da Marvel, faz sua já esperada ponta, aqui como uma espécie de Hugh Heffner (dono da Playboy), porém creditado como Himself (???)

Legal também são as piadas. O humor está presente em todos os momentos, até naqueles tensos e Downey Jr. está ai de novo. Na coletiva de imprensa, nos testes com o Mark-2, na luta contra os caças F-22 etc... Downey Jr. consegue fazer com que a tensão se dissolva, inclusive no final, um dos mais originais, e engraçados que já vi (esse final conota bem a personalidade do empresário/gênio/playboy/herói, Stark). Destaque para as cenas em que ele contracena com o robozinho que o segue com um extintor de incêndio, simples mas hilária.

O roteiro é um pouco simples e recorre a recursos básicos, o que, na minha opinião, deixa o filme um pouco infantil. Vamos a um exemplo prático: Tony Stark, ao voltar para casa com o dispositivo no peito, manda sua assistente Pepper Potts (Paltrow) jogar fora tal objeto, já que esse está ultrapassado. Claro que a ruiva não joga fora e claro que aquilo vai ser muito importante no rolar da trama. Sério mesmo, quando estava vendo o filme pensei exatamente isso. Recurso muito primário, mas tá valendo, o filme é bem legal. Sem contar que a porradaria no final decepciona um pouco. A luta entre Homem de Ferro e o Monge de Ferro é curta e meio sem graça, vale mais a pena as cenas do herói contra os F-22 e ele detonando os bandidos que o seqüestraram no início. Interessante também que o filme é tão divertido que nem nos preocupamos com a questão “Belicismo & EUA”

Enfim, não vá ao cinema achando que vai ver um primor da sétima arte baseada na oitava. Iron Man é um filme muito acima da média, não é o filme do ano como muitos (eu também) achavam. Sem sombra de dúvida é um dos melhores filmes com o selo Marvel, agora dona de suas produções. Aliás, a Marvel mostrou um carinho muito grande pelo seu universo, colocando em Iron Man, não só, diversas referências de seu universo, inclusive uma cena extra no final onde aparece Nick Fury (Samuel L. Jackson), cena que não pude ver por causa da incompetência da sala que assisti. Como disse no post anterior, não vão às salas do shopping Via Parque do RJ. Lá você será acuado por funcionários que nem se quer sabem o que é uma “Cena Extra” e quando você for reclamar com o gerente, um senhor muito grosso e desrespeitoso, fique preparado para ouvir um simples “Não recebemos cena extra alguma”, mesmo depois de você ter ouvido alguns segundos dela...


2 comentários

  1. Cecilia Barroso on 6 de maio de 2008 às 00:05

    Eu tenho um probleminha com Batman Begins. Estava indo muito bem, mas fiquei um pouco decepcionada com a terceira parte do filme.
    Do Homem de Ferro eu gostei muito, achei bem amarrado e sem muita apelação a resoluções inexplicadas, momentos piegas e sem levar a computação gráfica como a coisa mais importante de uma adaptação de quadrinhos.
    Vale muito mais um Downey Jr.

     
  2. Thiago Flôres on 6 de maio de 2008 às 08:32

    Com certeza!!! Nossa, fiquei curioso agora!