Rolland Emmerich é um diretor hábil em conseguir engordar os bolsos dos estúdios. Mas, isso não significa, nem um pouco, que seus filmes sejam obras primas. E por mais que ele queira, seus filmes servem simplesmente para entreter durante um par de horas e mais nada. São rasos, bobos e tentam se levar muito à sério. Claro que o formuláico de Emmerich se repete em 10000 a.C. que não passa de duas horas de pura pipoca, é raso, é bobo e acha que é sério.


A trama nos apresenta ao planeta Terra cerca de doze mil anos atrás, onde o jovem caçador D´Leh deve atravessar meio mundo para resgatar sua amada, Evolet (Camilla Belle) e alguns amigos que foram seqüestrados por guerreiros de terras longínquas. Pode-se resumir a trama assim mesmo, já que o resto é puro blá-blá-blá.


O que dizer de um roteiro onde tudo é justificado por profecias? Ok, Matrix usou e abusou disso, mas tudo tinha um justificado, digamos, verossímil para aquilo, o que não é o caso de 10000 a.C. Tudo, eu disse tudo, no filme acontece por causa de profecias, imagina viver num mundo onde tudo é regido por palavras de anciões, albinos cegos, pessoas que acreditam ser deuses e qualquer outra bizarrice que se possa imaginar. Se você não consegue imaginar Rolland Emmerich e o co-roteirista Harald Kloser conseguiram. Só de curiosidade, esse é o primeiro roteiro escrito por Kloser, o cara é compositor de aproximadamente quarenta trilhas (wow!). Todas as viradas mais importantes do filme acontecem graças às centenas de profecias que permeiam a trama. Eu até acredito que os povos das antiguidades levavam fé nessa coisa de profecia, mas daí o roteiro usar desse “artifício” a todo momento, justificando inclusive viradas importantes na trama... fica duro de engolir.


Outro ponto fraco do filme cai para cima das atuações. Rasas como piscinas para crianças, nem a beldade, beldade mesmo, Camilla Belle salva com seus maravilhosos olhos azuis. Ah, sim, não poderia deixar de falar dos vilões. Eles são verdadeiras ameaças para os vilões, e surgem como monstros de outro mundo. Mas, assim como em o 13º Guerreiro (aquele filme de McTiernan com Antonio Banderas), eles não passam de homens normais com ares de sobrenaturais.


Ai é que surge uma interessante sub-trama na história. O líder do grupo que seqüestra os amigos e a amada de D´Leh, se apaixona por Evolet, criando um mal-estar dentro do grupo que comanda, gerando até mesmo uma disputa dentro dele. Mas fica nisso mesmo, e o cara, supostamente apaixonado pela beldade, não passa de um simples vilão cartunesco e estereotipado, até mesmo o porte físico do ator, com nome complicado, Affif Ben Badra, contribui para isso.


Em 1994 Emmerich abordou a construção das pirâmides no Egito e levou a fundo a teoria de que elas haviam sido construídas, ou melhor, idealizadas, por alienígenas. Aqui ele volta ao tema. Os vilões na verdade são escravistas que querem mão de obra para uma importante realização de seu “poderoso Deus”. O interessante aqui é que Emmerich volta a tocar num assunto que abriu as portas para ele. Já que falei no tal “poderoso Deus”, ele aparece como uma figura quase sobrenatural, mais parece um et. Mas, como disse, parece.


Apesar de estar inserido num contexto onde tudo é regido por profecias, nada de concretamente sobrenatural acontece, sem contar claro o final do filme. Diversas portas são abertas ao correr do longa, os vilões que são chamados de “Demônios de Quatro Patas” e o tal “Deus” são alguns exemplos do que poderiam cair para esse lado, menos lógico da coisa. Olha, até acho que isso é um ponto positivo no roteiro, não descambar pro lado absurdo, ele cria essa história num tom mais realista, fantasioso para D´Leh e companhia, mas para nós, seres-humanos do século XXI d.C. nos resta observar sem achar muita graça.


Falando a verdade: Diversos momentos do filme, eu, e todos na sala, gargalhamos, teve um cara que até mesmo se levantou para tomar ar. Mas, como não é um filme de comédia, isso não é bom. Claro que na história tem uma piadinha aqui, outra ali, mas nos momentos em que gargalhávamos eram aqueles onde o filme tentava se levar à sério como um épico. Vale destacar a cena onde o albino cego conversa com D´Leh, simplesmente hilariante.


A melhor coisa do filme é mesmo a belíssima Camilla Belle, mas vale destacar também o trabalho da equipe técnica, bastante competente na criação de uma fotografia bonita, arte bem trabalhada e animais totalmente gerados em CGI. Não chega a tirar o fôlego como os dinossauros de Jurassic Park, mas é um belo trabalho dos animadores e a interação com os personagens de carne e osso é incrível.


Sabe aquele cara que ajudou George Lucas a escolher os nomes em Star Wars? Olha, não sei se esse cara existe, mas, vamos lá, só de cabeça me lembro de alguns nomes da recente trilogia de Lucas: Capitão Panaka; Mestre Say Fodias entre outros. Dá para fazer algumas brincadeiras em português com esses nomes, certo? Então, em 10000 a.C. também dá. Vamos à alguns nomes: Nakudu (!!!!), Naku e o campeão Tic´Tic. Vai me dizer que o mesmo cara que escolheu os nomes em Star Wars não escolheu esses, deve ser algum brasileiro brincalhão (hehehe).


Se você tem menos de doze anos vai até se divertir um pouco, aposto que não vai rir como eu e não vai achar uma experiência maravilhosa como a de ver Jurassic Park no cinema. 10000 a.C. é um filme raso, pipoca pura, assim como todos os outros de Emmerich (tirando Stargate e Moon 44 – eu gosto desse último, é tosco e feito com as sobras de Alien mas fazer o que!). E se você não tem menos de doze anos, não leve o filme tanto à sério quanto ele mesmo, ele não passa de puro entretenimento despretensioso que só quer algumas horas de sua atenção e um par de notas de dez Reais.


5 comentários

  1. Unknown on 13 de março de 2008 às 18:01

    Fui ver este filme ontem, 12/03, e logo procurei uma crítica na internet sobre ele... Mais para tirar minha dúvida de que se era somente eu quem tinha achado este filme "raso" (aproveitando o próprio termo do Thiago).
    Assim q acabou o filme, comentei com meu irmão: "se fosse há dez anos atrás, eu teria adorado".
    Uma bela fotografia, efeitos perfeitos, mas tudo muito....digamos, clichê. Esta foi a primeira palavra q veio à minha cabeça, principalmente no final: Clichê.
    Mas, dá pra se divertir (apesar de quase dormir ou rir em alguns trechos, hehe sim, eu também ri muito na parte do cego.)

     
  2. Thiago Flôres on 15 de março de 2008 às 17:05

    Raso é a palavra que melhor determina esse filme. É pura pipoca.

    abs

     
  3. Anônimo on 19 de março de 2008 às 22:29

    Bom filme!? Só para se ver em casa num domingo à tarde! Foi eu gastar 5,50€ para ver isto ao cinema lol
    Muito fraquinho efeitos especiais e uma granda salganhada em termos de civilizações, animais, as mudanças climatericas de repente o idioma em inglês? sei que é a língua universal mas antes de A.C!!

    Nota: 2

     
  4. Thiago Flôres on 21 de março de 2008 às 10:14

    Bem, pelo menos eu só gastei a passagem do metrô!

     
  5. Artur e João Penido on 29 de junho de 2011 às 11:27

    outra coi muinto estranha é a dublagem, por exemplo quando o moha cai todos dizem:morraaaaaaa lamentando sua morte mai parecia que o estavam mandando morrer!