Vou confessar que sempre que entro numa sala de cinema ou me sento em casa para ver um filme baseado num game, fico com um pé atrás, ainda mais por ser um fã dos joguinhos eletrônicos que ocupam todo o meu tempo livre. Mas, nunca testei o game Hitman que inspirou a mais nova investida de Hollywood em levar as histórias dos games para as telonas. E quer saber, não é nem um pouco divertido.
A história é uma mistura de filme de espionagem e ação bem simples, mas cheia de furos. 47 (Timothy Olyphant) é um assassino de aluguel envolvido numa trama que envolve: o suposto assassinato do presidente russo, Interpol, outros assassinos (carecas como o protagonista), uma prostituta e nada mais. O grande problema do filme é que ele sofre do mal de Steven Segal, Dolph Lundgreen, Van Damme e muitos outros.
Diferentemente dos recentes Bourne e Cassino Royale, que deram maturidade há muito esquecida nos filmes de espionagem, aqui o que vale é simplesmente algumas cenas bem orquestradas de tiroteio e uma ou outra de luta. Mesmo assim, as cenas citadas não empolgam nem um pouco. Em determinada cena, quando 47 está sendo perseguido por outros três agentes da mesma, digamos, firma de assassinos (todos carecas com códigos de barra tatuados na nuca), acontece uma luta com facas que ao invés de empolgar, me deu vergonha alheia (sério mesmo!).
Não fica por ai. O diretor, Xavier Gans, insiste em "filmar" cenas do game. Volto a falar que nunca joguei o jogo (por falta de oportunidade), mas o meu olho crítico me apontou algumas cenas que parecem tiradas diretamente do game, como: Todos os planos médios e closes de 47 com as pistolas em forma de X no peito, os planos laterais do personagem com o cano da arma aparecendo, e a fatídica cena final onde, depois de sobreviver milagrosamente ao fuzilamento de um helicóptero, o assassino se senta numa cadeira e encara a câmera enquanto ela se afasta. Fica evidente ai a falta de criatividade do diretor em decupar o roteiro, nada contra usar referências da sua mídia original, mas chega a ser ridícula a tal cena da cadeira.
O pior de tudo que não é só isso que o filme tem de ruim. Timothy Olyphant é um ator fraco (não adianta, ele vai ser sempre o policial irritante de 60 segundos para mim!), mas até que ele encarna bem o assassino robótico, sem sentimentos e bruto, mas mesmo assim ele ainda é o policial irritante de 60 segundos. O policial interpretado por Dougray Scott (ele quase foi o Wolverine em X-men, vocês sabiam disso?!?!) não se mostra um oponente à altura de 47 e está lá só para preencher um vácuo deixado pela falta de roteiro. Já o resto do elenco vale destacar Olga Kurylenko, além de ser muito melhor atriz do que aparenta, e do que o diretor soube aproveitar, ela não tem medo algum em ficar boa parte do filme pelada, ou com roupas curtas e transparentes. Ah sim, têm o Robert Knepper no automático, ótimo como sempre.
O alívio cômico do filme (claro que tem um) é o inicio do conturbado relacionamento entre 47 e a prostituta que ele salva (Olga Kurylenko), mas as cenas em questão são tão sem "sal" que achei mais graça das cenas de tiroteio (não que isso seja uma coisa boa!)
Em tempos onde o cinema de espionagem/ação busca um embasamento mais real (na verdade muitos temas no cinema tentam ser explorados por essa ótica), Hitman veio na hora errada. Seria melhor se ele tivesse vindo ali pelo final dos anos 90 junto com a trindade dos filmes de ação descerebrados que citei no inicio dessa crítica. Só de curiosidade, Vin Diesel é um dos produtores do longa. Queria saber por que ele não interpretou o assassino. Careca e melhor ator que Olyphant ele é.