Uma coisa que sempre quis foi escrever alguma coisa sobre Duro de Matar, não só do primeiro e sim de toda a série. Recentemente revi (pela enésima vez) a trilogia original e em breve espero poder ver a quarta parte da cine-série. Mas primeiro o primeiro.

John McLane (Bruce Willis) é um policial de Nova York visitando a família que mora do outro lado do país. Chegando em LA, John é levado ao prédio em que Holly (Bonnie Bedelia), sua esposa, trabalha. Só que McLane é um cara sem sorte. Depois de mais uma briga com sua esposa, ele acaba tendo que enfrentar um grupo de supostos terroristas que tomam o prédio em troca de exigências estapafúrdias.

Até hoje, Duro de Matar é um marco do cinema de ação, não só por ser simplesmente o melhor filme do gênero (na minha opinião), mas também por marcar a virada desse tipo de filme. Antes o herói era um cara forte, sempre certo do que fazer, que nunca era ferido, ou quando era, o sangue era meramente ilustrativo. Aqui a história é outra. McLane é um cara durão como todo herói de filme de ação deve ser, mas diferentemente de ícones dos anos 70, ele se fere e sofre, ele é uma pessoa normal numa situação extraordinária, e bota extraordinária nisso.

Mas não só McLane é um cara normal nessa situação, seu principal aliado na cruzada contra os vilões é o policial Al Powell (Reginald VelJohnson). Ele é quem dá apoio ao (anti) herói, principalmente apoio moral, afinal é ele que em momentos de fraqueza dá forças ao mais novo amigo, preso no prédio com uma dúzia de homens armados até os dentes.

Falando nos vilões, Duro de Matar nos apresenta ao vilão mais temido dos filmes de ação, o frio Hans Gruber (Alan Rickman). Gruber é um dos melhores personagens que o cinema já nos trouxe, um homem sofisticado, que sabe tudo o que vai fazer, muito diferente do nosso querido policial de Nova York. Mas Hans não contava com a presença de McLane, que se mostra um oponente à altura do fino vilão. Em determinada cena, onde Gruber e McLane se encontram num dos cantos do prédio, fica clara a diferença entre os dois. Enquanto o vilão se encontra com seu muito bem cortado terno, o policial está todo sujo, esfarrapado e ferido. Essa cena é marcante, não só pelo primeiro encontro “tête-à-tête” dos dois, mas também por conotar muito bem que o herói aqui não é a figura mais limpa do filme, não só higienicamente falando.

Pode-se dizer que diferentemente do seu maior concorrente da época, Máquina Mortífera (outra cine-série que adoro), Duro de Matar têm em seu maior trunfo, deslocar completamente seu protagonista, fazendo com que ele se vire da maneira que der. Quem não lembra daquela cena em que para chamar atenção da policia local, McLane atira o corpo de um dos bandidos em cima de uma patrulha.

A obra prima de John McTiernan não deve ser só lembrada pela ação e reinvenção de um estilo. O humor dentro do filme é o melhor fora de um filme de uma comédia. McLane é um cara tão sarcástico que chega a irritar simultaneamente o FBI, a polícia local e os bandidos. Mas muito desse humor se deve ao fato de Bruce Willis ser um ator acostumado às comédias (pelo menos na época) quem não se lembra da tele-série A Gata e o Rato?!?! No filme ele interpreta o papel do policial tão bem que até em momentos de puro pessimismo conseguimos gargalhar com seus monólogos (geralmente declamados durante momentos de aperto).

Duro de Matar é um clássico eterno que sempre vai ser usado como parâmetro de comparação para os filmes de ação contemporâneos, que aparentemente se esqueceram de tudo o que esse filme de 1988 ensinou. Yippee-Ki-Yay mother fucker!

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