A única coisa ruim em Batman – o Cavaleiro das Trevas é que nenhum filme do Morcegão vai superar a segunda aventura comandada por Christopher Nolan. Pelo menos essa foi a impressão que tive assim que subiram os créditos finais do longa. Mesmo tendo quase três horas de exibição, o filme parece pequeno para tanta coisa que acontece na tela, incluindo todo espaço que cada personagem principal tem em foco. Para mim, é sim o melhor filme até hoje produzido sobre um herói dos quadrinhos. Chega de papo e vamos ao que interessa.

Se você ainda não viu, vá ver! A trama nos mostra uma Gothan City tentando entrar nos eixos com um promotor, Harvey Dent (Aaron Eckhart), prestes a colocar todos os mafiosos da cidade atrás das grades; Batman conseguiu enfim causar pânico entre os bandidos da cidade e conta com um “exército” de acólitos, cidadãos de Gothan que tentam imitar os atos do herói. Gordon (Gary Oldman) consegue ser mais ativo agora como tenente, até que o Coringa (Heath Ledger) mostra sua cara. Aí tudo vai pelos ares (literalmente).

Acho que os elogios à produção já foram suficientes para você entender que o filme é bom pacas. Mas se você não está satisfeito somente com isso, continue lendo.

Estou escrevendo essa critica de uma maneira tão entusiasmada que nem me lembro da última vez que gostei tanto de um filme assim. Vamos falar agora sobre um fato que chamou bastante atenção da mídia nos últimos meses: o falecimento de Heath Ledger. Eu, assim como Jack Nicholson, acho que Ledger foi morto pelo Coringa. O ator caiu de cabeça no papel de tal maneira que é difícil acreditar que ele estivesse atuando. É assustador, e comparações com o Coringa do filme de 1989 ficam difíceis de não serem feitas. Se Nicholson encarnou o palhaço da maneira que aquele filme pedia, Ledger fez o que o Coringa de 2008 exige, um vilão psicopata, subversivo, controlador e tudo mais que se possa imaginar, e diversas vezes se demonstra superior ao herói.

Ainda no campo das atuações, temos as mesmas consistentes do primeiro. Christian Bale, mais uma vez se mostra o melhor intérprete do Cavaleiro das Trevas, Michael Kane é uma das figuras mais importantes na carreira de combate ao crime do Batman, reforçando que Alfred não é um simples ajudante, Gary Oldman mostra sua competência habitual no papel do Tenente Gordon e claro, Morgan Freeman, como o outro mentor de Batman, Lucius Fox. Todos competentes em suas atuações e todos com espaço suficiente para mostrar a que cada personagem veio. Tem também um Aaron Eckhart como um convincente Harvey Dent/Duas Caras que, para quem ainda não o fez, nos faz esquecer aquela versão histérica do primeiro Batman de Joel Schumacher, em 1995, onde Tommy Lee Jones pagou mico. Substituindo a insossa Katie Holmes tem uma Maggie Gyllenhaal, às vezes deslocada e as vezes se igualando ao resto do elenco.

Como diretor, Chris Nolan é muito hábil e a qualidade gráfica e narrativa que vemos em The Dark Knight é mérito dele. O roteiro, baseado numa idéia de David S. Goyer, escrito por Nolan e seu irmão Jonathan é um dos melhores roteiros de filmes de ação que me lembro de ter visto. Não conseguimos ter um minutinho se quer para subir à superfície e dar aquela respirada, em momento algum senti o ritmo do cair, incrível, simplesmente incrível. Detalhe, a trilha sonora de James Newton Howard e Hans Zimmer completam ainda mais esse clima de tensão. Voltando ao campo da direção, é tão legal ver cenas feitas como antigamente, sem o CGI costumeiro em filmes do gênero. Um momento que me chamou bastante atenção foi a cena em que o Coringa deixa o hospital num incrível plano-seqüência sem truques de computação, tudo alí, feito na “cara” mesmo, com quilos e mais quilos de dinamite e muitas, muitas bolas de fogo. Sem contar é claro as cenas de briga, quase todas sem cortes. Outra coisa incrível também, são as cenas de perseguição (também, sem CGI, exceto quando o Batman passa com sua incrível moto ((que mais parece um tanque!!)) por de baixo de um caminhão). Outro trunfo do roteiro é a riqueza de detalhes com que a trama vai sendo montada de pouco em pouco. O planejamento de Bruce Wayne, Alfred e Lucius Fox para uma viagem do Cavaleiro das Trevas ao oriente, a fuga do Coringa da delegacia, detalhes, simples detalhes que se tornam um deleite aos olhos do público.

O escape de humor em Batman Begins era o fiel escudeiro do Cavaleiro das Trevas, Alfred, que lá tinha uma ou duas piadas despropositais. Em The Dark Knight, o humor é dissipado, as piadas são mais consistentes e dentro do contexto. É até um pouco doentio o que vou falar, o personagem mais divertido é sim o Coringa.

É inevitável falar mais do vilão. Em sua primeira aparição, sem contar a cena postada na quinta de manhã aqui no Hamburguerama, ele já mostra à que veio com a incrível “mágica” do desaparecimento do lápis (no mínimo hilária!). Podem me taxar de psicótico, mas, voltando a afirmar, o Coringa é o personagem mais divertido de todos. - SPOILER - Sem contar que ele é um nêmesis à altura do Cavaleiro das Trevas e muitas vezes até superior. Como já disse, o vilão parece ter “ganho” no final e é por causa dele que nosso querido Batman assume a culpa pelos atos falhos de Harvey Dent, já travestido em vilão Duas Caras, para deixar a imagem do promotor limpa, da maneira que era antes do acidente que o deformou física e psicologicamente. - FIM DO SPOILER Entre o início e o meio do filme, tem uma cena onde o Coringa tortura um dos imitadores do Batman... Sensacional!

Se em Batman Begins víamos um início, melhor um reinício rico do herói criado por Bob Kane em 1939, em The Dark Knight vemos um herói maduro. Porém, incerto de aceitar aquilo o que realmente é. Em determinado momento do filme, num dos milhares de clímaxes que existe nele, o vilão na pele de Ledger diz que o Coringa existe por causa do Batman e que eles viviam numa espécie de simbiose. E é verdade. - SPOILER - Batman termina o filme como um vilão para a sociedade. Porém, confortável com a situação em que se encontra, aceitando o pesado fardo de lutar contra os dois lados da lei na cidade de Gothan. - FIM DO SPOILER -

Para fechar, tem tanta coisa que eu poderia falar ainda, mas, quem vai querer ler uma tese sobre o filme? Pois bem, a trama escrita pelos irmãos Nolan é retratada num mundo real, onde a polícia é corrupta, os criminosos comandam, os políticos só pensam em si... Assim como em todos os lugares do mundo. A diegética de The Dark Knight é tão verossímil que se torna real toda a situação de sujeira na telona, afinal, vivemos numa sociedade decadente como a retratada no longa.

Só mais um pouquinho... The Dark Knight é o filme definitivo sobre o herói. Só espero que o terceiro, com certeza absoluta vai ter um terceiro com o mesmo elenco e com Nolan no comando, seja tão bom quanto. Posso até estar enganado, afinal saí da sala de Batman Begins com a mesma impressão.


5 comentários

  1. Anônimo on 21 de julho de 2008 às 14:04

    O PRIMEIRO BATMAM EU VÍ NO CINEMA, TINHA JACK NICHOLSON NO PAPEL DE CORINGA, ETC.., O FILME ERA UMA MERDA, SAÍ DO CINEMA DESILUDIDO POR UM PERSONAGEM TÃO OBSCURO QUANTO O BATMAM SE TRANSFORMAR QUASE NUM PERSONAGEM DA DISNEY, ELOGIOS SÓ PRA COMPOSIÇÃO DO CORINGA FEITA PELO JACK NICHOLSON. OS OUTROS DOIS FILMES SÓ QUANDO PASSOU NA TELA QUENTE (CHEGAVA A DAR PENA DO PERSONAGEN), COMO EU CONTINUAVA DEILUDIDO COM O BATMAM PEGUEI BATMAM BEGINS EM DVD, E PRA MINHA SURPRESA O PERSONAGEN RENASCE LITERALMENTE DAS TREVAS, NA VERDADE ELE VOLTA PRA ELA, A ATUAÇÃO DE TODOS OS ATORES E A DIREÇÃO DERAM VIDA NOVA AO VELHO BATMAM DE GUERRA, MAS PENSEI QUE DIFICILMENTE IRIAM MELHORAR O PRIMEIRO FILME(PRIMEIRO COM NOLAN NA DIREÇÃO).MAS EU COMPARTILHO COM O THIAGO A EMOÇÃO DE VER O SEGUNDO RENASCIMENTO DO BATMAM, O FILME EMPOLGA, EMOCIONA A QUALQUER UM, MESMO NÃO SENDO FÃ DO BATMAM. DO INÍCIO AO FIM UMA BOA AULA DE COMO SE FAZER UM GRANDE FILME, ATORES, DIREÇÃO, TRILHA SONORA, TUDO IMPECÁVEL. SORTE A NOSSA DO S FÃS DO MORCEGÃO E AGUARDAMOS ANCIOSAMENTE UMA SEQUÊNCIA NO MESMO NÍVEL, INFELIZMENTE SEM O HEATH LEDGER, FANTÁSTICO NO PÁPEL DE CORINGA.

     
  2. Thiago Flôres on 21 de julho de 2008 às 15:15

    Não me canso de falar em The Dark Knight! Mal vejo a hora de assistir denovo! Que fará de comprar o DVD! filmaço mesmo!

     
  3. JPinto on 30 de julho de 2008 às 06:55

    O filme está brutal e estou a pensar em ver segunda vez no cinema.

    O único problema é mesmo o que disseste, parece ser difícil fazer melhor. Por isso penso que Christopher Nolan, não vai querer realizar mais nenhum, mas nunca se sabe.


    Gostei do blog.

     
  4. Unknown on 31 de julho de 2008 às 10:50

    Filme fabuloso. Uma verdadeira porrada no estomago e que, ainda assim, teve tempo pra fazer referencia ao primeiro. A parte em que o Coringa caí do prédio... homenagem ao Coringa de Nicholson e a maneira que Nolan encontrou pra dizer que o Batman dele é diferente... dessa vez o vilão não morre.

    O filme é fantástico. Realmente, MUITO bom.

     
  5. Thiago Flôres on 2 de agosto de 2008 às 09:08

    Essa da comparação do final entre esse e o de Burton é boa! To pretendendo ver a terceira vez!
    Sensacional!!!!
    Valeu galera