A experiência Rodriguez|Tarantino, Grind House é a montanha-russa do mundo cinematográfico. O que consiste um passeio nesse brinquedo tão amado por algumas pessoas? Uma viagem vertiginosa, emocionante e sem sentido, mas para quem gosta, é uma das melhores coisas do mundo.

Grind House é assim. Uma viagem vertiginosa, emocionante e sem sentido, mas para aquela pessoa apaixonada pela sétima arte, que vive em função do cinema (trabalhando, estudando, vivendo, etc) é a maior montanha russa já construída por dois loucos.

Para quem não sabe, as Grind Houses eram seções de cinema onde passavam filmes B, com rolos faltando, som ruim, imagem pior ainda, só que isso acontecia lá pelas terras do tio Sam, e essa foi a “justificativa” (desculpa) para separarem o filme fora de lá, mas sabe que a idéia foi boa. A primeira parte, lançada recentemente, é Planeta Terror de Robert Rodriguez e a segunda é Prova de Morte, de Quentin Tarantino, essa ainda nem ganhou as salas do circuito comercial no Brasil.

Diversão pura para aqueles, que assim como eu viam todas as tardes o Cine Trash na Band que era apresentado pelo Zé do Caixão, ou para aqueles, que também assim como eu, esperavam dar uma da manhã no relógio, para ver aquele filme tosco de terror com zumbis, monstros e todo tipo de loucura que se possa imaginar. Desse jeito mesmo podemos descrever o que é Planeta Terror, um filme tosco, com zumbis, mas que rende uma homenagem àqueles que fazem esse tipo de filme ou aqueles que assistem esse tipo de filme.

O tosco ai não é confundido com mal feito, mas sim pela forma como explicita e como é mostrado. Tem até mesmo uma elipse genial dentro do filme. Num determinado momento, onde o ritmo poderia cair um pouco, Rodriguez usa uma falta de rolo para não deixar isso acontecer.

Mas falando um pouco da história, é mais ou menos assim: Um gás venenoso é liberado no ar e uma cidadezinha se vê infestada de zumbis e seres disformes, resta um grupo de pessoas que tenta abrir caminho na base da bala. Também tem uns milicos doidos e uma go-go dancer com perna de fuzil. É basicamente isso que você precisa saber o resto é só levantar os braços e deixar o vento bater no seu rosto.

As referências aos filmes B e filmes de terror são inúmeras, os litros de gosma é o mais aparente, já que a cada plano centenas de litros são usados para ilustrar uma deformidade ou algo asqueroso. Outra referência, que me chamou bastante atenção, foi a trilha sonora, muito parecida com as trilhas que John Carpenter escrevia para seus filmes no final dos 70 e nos anos 80, tem uma música que só faltava aparecer o Snake Plissken mancando para eu me sentir vendo Fuga de Nova York.

Como já sabemos, Rodriguez (e Tarantino também) adoram uma auto referência. Em Planeta Terror a auto-referência da vez é o Texas Ranger Earl McGraw (James Parks). O personagem aparece também em Kill Bill vol. 2 e em Um drink no inferno. Além disso, não podia faltar uma participação, pra lá de engraçada, de Tarantino, no papel de um militar com pinto de gelatina.

Tratando-se de um filme de zumbi, gênero que consumo sem pudores, não podia faltar alguma coisa que o ligasse aos clássicos do gênero. Aqui temos o fodástico, diretor, maquiador, ator, Tom Savini, no papel de um policial.

Referências e homenagens à parte, Rodriguez constrói uma história sólida, mas sem se preocupar muito com as “regras” do mundo real, aqui o que vale é a euforia e histeria de uma brincadeira de mata-mata, a preocupação do roteiro é com os personagens, seus dramas e suas tentativas de sobreviver à praga zumbística que está acabando com o mundo. Como se isso já fosse uma surpresa num roteiro escrito por Rodriguez (munição infinita nas armas é só uma dessas “regras” do mundo real ignoradas por ele em... bem, todos seus roteiros).

Planeta Terror é assim mesmo, uma grande homenagem para aqueles que amam filmes de zumbis, monstros, assassinos seriais, tosqueiras, filmes B em geral.

0 comentários