Vou confessar que quando ouvi falar, e ví algumas cenas, de Guardiões da Noite, de Timur Bekmambetov, fiquei empolgado e coloquei a minha expectativa lá em cima, pena que ela não foi correspondida. Fiquei tão desiludido que dispensei a oportunidade de ver Guardiões do Dia, segunda parte da série de fantasia comandada pelo russo. Quando fiquei sabendo que ele seria o diretor da adaptação do quadrinho, Wanted, não fiquei nem lá e nem cá, simplesmente ignorei e pensei “vou deixar para decidir se vejo ou não quando tiver a chance”. Ainda bem que optei por ver esse filme.

Antes de prosseguirmos, deixa eu falar: não conheço esse gibi, ok?! Bem, Wesley Gibson é um cara perdedor, tem um emprego péssimo, uma namorada e um melhor amigo traíras e uma chefe ridícula, em resumo, uma vidinha de bosta. Até que um dia ele descobre ser herdeiro do mais poderoso assassino profissional que já viveu. Ele é, literalmente, arrastado para uma vida dura onde matar não é uma opção e sim um meio de vida, ele agora é membro da Irmandade.

O filme começa bem, e termina da mesma maneira, não é daquele tipo de filme de ação que tenta se levar à sério. Wanted, no Brasil é O Procurado, não se leva à sério, e isso que é mais legal. As peripécias que seus personagens fazem, as situações absurdas e a trama bem bacana para um filme de ação, são os trunfos do longa, que é estréia de Bekmambetov na direção de um filme norte-americano. A cena que abre o longa é ridiculamente bem comandada, quando Mr. X pula de um prédio para o outro tirando armas e mais armas dos bolsos de seu paletó para depois ser abatido com um tiro de rifle à uma distância absurda é no mínimo divertida, confesso que a cada cena desse tipo eu dava gargalhadas de satisfação. E não fica por ai. O filme tem mais uma tonelada dessas cenas. A primeira de perseguição, a do trem, o tiroteio no final. Todas cenas muito bem decupadas e montadas, vale a pena ver o filme só por elas.

As atuações são na medida, sem exageros e também nenhuma digna de uma premiação. Destacam-se no elenco os nomes de Jolie e McAvoy que ilustram todos os posteres da produção, mas também tem um Morgan Freeman como uma espécie de Lucius Fox, da nova cine-série de Batman, bem mais hardcore no papel do lider da Irmandade. Também o rapper Common cada vez mais ganhando espaço em Hollywood e o colaborador constante de Bekmambetov, Konstantin Khabensk protagonista dos filmes Guardiões da Noite e Guardiões do Dia.

Se o que faltou em Guardiões da Noite foi roteiro, aqui ele é correto, ágil e mostra ao que veio em poucos segundos de projeção. Alguns puritanos podem até dizer que o roteiro só serve para ligar cenas e mais cenas de ação, só que todas as cenas de ação possuem uma razão para existir. Oras! Afinal estamos falando de um dos melhores filmes de ação do ano. Tudo bem que toda a questão levantada logo no início da projeção, sobre quem o personagem realmente é, é esquecida logo depois dos primeiros minutos e só reaparecer lá pelos últimos segundos.

Assim como em Guardiões da Noite, os efeitos especiais e a edição clipada são trunfos aqui. Volto a falar que Wanted é superior em tudo quando comparado à Guardiões. A computação gráfica, que Bekmambetov sabe usar muito bem, é usada para completar aquilo que os dublês não são capazes de fazer. Ela, a CGI, é usada para completar a cena e não para ser a cena. Aliada à edição clipada, as cenas de ação ficam muito mais divertidas. Não só nas cenas de ação a corriqueira montagem de Bekmambetov é usada. Se tem algum plano onde a câmera fica parada por mais do que alguns segundos eu não lembro de ter visto.

A reviravolta no meio do filme, mesmo sendo um pouco previsível e com um quê de Star Wars, é competente em não deixar o filme oco. Notem os detalhes que vocês vão perceber como é um pouco previsível.

Wanted é um dos melhores filmes do ano, isso eu, um fã assumido do cinema de ação incondicional. Vá ver, coloque sua expectativa lá em cima. Você não vai se decepcionar.



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