Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é uma aventura à altura do nosso querido Dr. Jones. Não é a melhor aventura do arqueólogo mais amado da sétima arte, mas sim um belo trabalho, e demonstração de vigor, de mais um personagem eternizado por Harrison Ford. Demorou mas saiu né?! Ouço a bastante tempo que Spielberg, Lucas e Ford, querem outro Indiana Jones, e ai está. Depois de muitas brigas e discussões sobre qual caminho seguir, os três chegaram a um consenso, já era hora.


Está tudo no lugar que deve estar. A abertura que brinca com o logo da Paramount (vale citar que é o logo antigo, o mesmo que aparece nos outros filmes da série), as inacreditáveis fugas do Dr. Jones e quem mais estiver com ele, o charme incomparável do pedigree Spielberg, o chapéu, o chicote e claro, a trilha sonora pela batuta do mestre John Williams. Nessa aventura, Indiana Jones se mete com um bando de russos lá por 1957. Os vilões da vez estão atrás de um artefato arqueológico cujo Indiana ajudou a escavar. E tudo tem relação com ets, perseguições em plena floresta amazônica e muita, muita aventura.


Para início de conversa, o filme é cheio de referências, não só aos próprios filmes da série Indiana Jones, mas também ao universo mítico que Lucas e Spielberg deram forma juntos, estão ai, a Arca do primeiro filme Caçadores da Arca Perdida, referências a, claro, todos os outros filmes da série e de personagens que não voltaram (Sean Connery e Dernholm Elliot, o primeiro porque não quis, o segundo porque nos deixou em 92), Marshall na jaqueta de um atleta (homenagem clara a Frank Marshall, um dos produtores da série), a lanchonete de De Volta para o Futuro (produzido por Spielberg), Indy derrubando um índio usando a mesma técnica que o jovem Sherlock Holmes usou para derrubar um vilão em Enigma da Pirâmide (produzido por Spielberg), entre muitas outras brincadeiras.


A quarta aventura de Indiana Jones começa bem, com ação vertiginosa antes de dar dez minutos no relógio, mas depois vai perdendo um pouco o fôlego, não que isso prejudique o desenrolar da trama, na verdade eu até achei um pouco necessária essa diminuída de marcha lá pelo meio do segundo ato. Voltando um pouco, o início é espetacular, impagável ver Jones fugindo de uma explosão nuclear dentro de uma geladeira, sensacional!


Vale falar também do roteiro, amarradinho de David Koep não é dos melhores, mas certas falhas podem ser perdoadas, como o esquecimento de que a tal Caveira de Cristal do título ter um poder magnético muito maior que muito ímã por ai e claro as tochas que estão em todos os lugares onde os personagens passam (afinal se elas não estivessem lá, como veríamos?!)


A comédia, outro importante aspecto dos filmes Indiana Jones está mais presente do que nunca, na impagável cena da cobra ou então naquela onde Jones descobre que é pai de Mutt (Shia LaBeouf), na verdade essas cenas são bem próximas, mas já vale o ingresso.


Falando em LaBeouf, ele trás um ar fresco à série, não que ele vai herdar o chapéu de Indiana nos próximos filmes (de acordo com Lucas, virão próximos), rola até uma brincadeira com isso perto dos créditos finais, mas sim um ótimo parceiro para novas aventuras. Nesse filme estão também John Hurt, no papel de um arqueólogo meio malucão, Ray Winstone, a voz de Beowulf, como um atrapalhado trapaceiro e a eterna Marion Ravenwood, parceira de Indy em Caçadores.


Do outro lado, os russos são basicamente a mesma coisa que os nazistas eram nos outros filmes, vilões frios com um único propósito, tentar parar Jones e sua trupe. Eles são liderados por Cate Blanchett, encarnando uma vilã que é um misto de Elsa (vilã de A Última Cruzada) e Belloq (vilão de Caçadores da Arca Perdida). E só, ela não chega a representar uma verdadeira ameaça a Jones. Se bem que vilão algum fez isso com o herói, nem Hitler o conseguiu.


A trilha sonora, regida por John Williams está lá, tão presente quanto o chapéu e o chicote. Uma coisa que me irritou um pouco foi a mania que Spielberg assumiu desde Minority Report, as luzes estouradas no fundo, eu sabia que em algum momento elas apareceriam, mas não é isso que marca a direção do cara. Spielberg é um dos poucos diretores que conseguem segurar o suspense até o último segundo, sem deixar você desgrudar da poltrona. (apesar de não termos visto isso nos últimos trabalhos dele).


Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é uma volta aos bons tempos. Bons tempos onde víamos filmes de qualidade, não blockbusters despropositais como A Lenda do Tesouro Perdido ou coisa do gênero, mas sim um filme com vigor, assim como o intrépido Dr. Henry Jones. Que venham Indiana Jones 5, 6, 7...


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