Como?!?! Sim, você não está lendo errado, chegou a minha hora de frequentar as famosas Cabines para a Imprensa. Graças ao Mário Abade e a galera do site Almanaque Virtual, que agora faço parte postando notícias, e espero em breve minhas críticas. Bom, valeu muito e espero continuar a fazer parte do Almanaque durante muito tempo.


Diferente de Rocky, Rambo voltou para ficar. Se no último filme do lutador, Stallone resolveu fechar a saga do maior personagem dele, já em Rambo IV, não é isso o que acontece, o último filme do boina-verde deixa a porta aberta para muitas outras histórias do personagem criado por David Morrell, e sinceramente, espero ver muitos outros filmes com John Rambo.

Para início de conversa, Rambo IV não é um filme fácil de ver, ele é vil, perverso e violento. A história nos mostra um John Rambo morando na floresta da Tailândia, lá ele caça e vende cobras venenosas. Mas um dia um grupo de missionários pede para Rambo ser o guia deles até a fronteira com a Birmânia, local do mais antigo confronto civil, entre os birmanenses e os karenes. Algum tempo depois, Rambo recebe a notícia de que os missionários foram seqüestrados e que um grupo de mercenários está indo ao resgate e ele deve ser, mais uma vez, o guia.

Em toda sua mitologia, John Rambo, nunca procurou uma guerra, ela é que sempre vem na direção dele e aqui não é diferente, o sentimento de obrigação pela vida de alguém (ou pela dele mesmo) é que sempre permeia as aventuras do boina-verde. Desde que a personagem de Julie Benz se apresenta à Rambo, uma espécie de compromisso é formado entre os dois, o que ele faz questão de deixar claro diversas vezes (na verdade aqui acontece o mesmo que aconteceu em Rambo II, a mocinha dá um cordão que significa algo para ela, só que aqui, ele recebe um terço).

O filme deixa um gosto amargo na boca. A violência é tamanha que nem temos tempo para assimilar todas as atrocidades que o filme nos mostra e o pior que essa violência extrema não é coisa da ficção, esse conflito é um dos mais longos e um dos que mais matou na história da humanidade, mas fazer o que, enquanto os birmanenses ou os karenes não acharem petróleo por lá a ONU não vai mover uma palha.

Politicagem à parte, Rambo IV é um filme pra macho. Desculpem minhas leitoras, mas isso é verdade. Logo nos créditos iniciais temos uma ligeira impressão do que estar por vir. As imagens reais mostradas logo ali são tão chocantes quanto aquelas que rolam durante a projeção só que a sangueria e carnificina, quando praticadas por Rambo são divertidas. Podem até me chamar de sádico, mas é emocionante ver o boina-verde decaptar um soldado inimigo com um facão. Aliás, como todos devem saber, Rambo não usa mais a famosa faca K-Bar, ele mesmo forja uma nova faca em determinada parte do filme.

O roteiro, mesmo que bem amarrado e com artifícios que podem ser a porta de entrada para muitos outros filmes do personagem, é narrativamente bem simples e sem grandes pretensões. Algumas frases de efeito, muitas cenas de tiroteio (a última em particular poderia ter sido um pouco melhor decupada) e explosões preenchem o espaço vazio deixado pela falta de um contexto um pouco melhor. O mais interessante nele é a questão da selvageria e violência, até que ponto um homem pode se tornar um animal frio. Isso fica claro na cena onde Rambo atravessa o rio com os missionários. Depois de matar dois piratas, ele assassina o último à sangue frio, é então que um dos missionários, o reprime por essa ação. Mas, lá pelo fim, esse mesmo missionário se vê numa situação onde ele próprio deve matar um homem à sangue frio. O roteiro justifica a sangüinolência, por parte dos mocinhos, e a mensagem de que “a guerra procura o homem e não o contrário” é reafirmada nessa cena.

Impossível não vibrar com John Rambo em ação mais uma vez. O cara faz de tudo nesse filme: arranca a garganta dos bandidos, engana cães farejadores, causa uma explosão sub-atômica, extripa o vilão do longa, mata uma penca de inimigos, armados com automáticas, somente com arco-e-flecha e muitas outras peripécias, e claro a já clássica cena de metralhadora calibre 50 à queima roupa. Rambo, mais uma vez, se mostra o mesmo soldado independente, que gosta de agir sozinho e com seus próprios métodos. A cena que antecede a tal que ele mata inimigos com seu famoso arco-e-flecha é a que melhor conota isso. Rambo é reprimido pelo mercenário Lewis (Graham McTavish) dizendo ele é somente o piloto do barco, precisa dizer o que Rambo faz?!?!

O elenco de apoio é formado por atores regulares, mas, seus personagens são um tanto caricatos. O mercenário Lewis é o típico ex-milico do Reino Unido neurótico e mal-humorado, Sarah (Julie Benz) é a típica donzela em perigo, Michael (Paul Schulze) faz aquele tipão de “não mato nem uma mosca”, mas, na hora H vê que a coisa não é bem assim e Scholl Boy (Matthew Marsden) é um protótipo de “Rambo borra-botas”. Alias, se não fosse pelo personagem de Sly, os outros (claro!!!!!) estariam numa enrascada. Na verdade, a maioria do elenco de apoio só serve mesmo para a famosa “carne para o moedor”, muito constante em filmes de horror e guerra.

O filme é uma grande maneira de inserir John Rambo ao século 21 e possibilidades para novos filmes são inúmeras. A grande elipse que acontece quando o tiroteio final acaba até o desfecho da trama deixa uma linha que pode ser explorada, até mesmo o final do longa pode ser explorado para possíveis continuações. Mais uma vez, espero ver logo outro filme do boina-verde.



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