Laura (Bélen Rueda) passou parte de sua infância num orfanato. Agora adulta, ela, numa espécie de compromisso com o passado, compra a antiga casa onde funcionava o tal orfanato junto com seu marido o médico Carlos (Fernando Cayo). Ela tem a idéia de fazer dali um centro de apoio à crianças com problemas, assim como seu filho adotado Simón (Roger Príncep) que é soro positivo. Na festa de inauguração da casa, Simón desaparece deixando seus pais desesperados. Ah sim, Simón tem amigos “imaginários”. O filme então mostra a luta dessa mãe desesperada para achar o filho que precisa de cuidados constantes e ainda um confronto com o passado dela.
O Orfanato é um filme sensível, apesar dos sustos, e que fala basicamente de amor, assunto que já foi abordado em Horror
Sendo um filme de suspense/horror, podemos esperar muitos sustos e imagens pavorosas, uma pena que a maioria dos sustos aqui sejam aqueles velhos clichês de aumentar o volume de repente fazendo você dar um pulo da cadeira. Na verdade o som, assim como toda a parte técnica do filme, que falarei mais adiante, é um dos grandes trunfos desse filme, afinal a edição e mixagem do mesmo é a responsável por criar todo o clima sobrenatural do longa.
O roteiro de Sergio G. Sánchez é hábil, mas, mais uma vez, fica se valendo de clichês e mais clichês para dar sustos. Mas, a equipe de Juan A. Bayona é competente. A construção das cenas é de um aprecio técnico singular. Apesar de estreante, Bayona se mostra hábil na direção que dá na câmera com o que quer e o que não quer mostrar, sem contar que ele bebe muito na fonte de mestres como Kubrick e Hitchcock. Falando na direção que ele dá às câmeras, dois momentos, na verdade três, não saem da minha cabeça. O primeiro deles é a cena de abertura, que por se tratar de um filme de suspense/horror espanhol já estava me preparando para um susto, o que não acontece. Essa cena se repete lá pelo final, mas é claro que aqui dei um pulo da cadeira com o coração na boca, a decupagem aqui é extraordinária. Outro momento muito feliz de Bayona é na cena em que a médium observa os fantasmas enquanto hipnotizada. Ah sim, ela é hipnotizada pelo eterno Senhor Barriga (Edgar Vivar) do seriado Chaves, sim ele faz uma participação no filme.
Se você espera muitos sustos e criancinhas assustadoras (coisa muito comum nos filmes de horror hoje em dia) O Orfanato é um prato cheio, não espere grandes inovações ou coisas assim. O final surpreende um pouco, mas, me pareceu escrito por M. Night Shyamalan, onde tudo é mostrado por meio de flash-backs e pequenas cenas inéditas, construindo assim a “grande” surpresa do filme.