Entrando no cinema para ver A Lenda do Tesouro Perdido: O Livro dos Segredos, vi um gigantesco cartaz da nova aventura de Indiana Jones numa das paredes da bilheteria. Pois é, uma pena que a série de aventura da Disney não seja tão boa quanto à do Dr. Jones, mas não chega nem aos pés!

Antes de qualquer coisa, a história (repleta de furos e coisas tão implausíveis que me peguei gargalhando quando a coisa era para ser “séria”): O tataravô de Ben Gates (Nicholas Cage) passa a ser considerado um dos conspiradores da morte de Abraham Lincoln com o surgimento de uma das páginas sumidas do diário de John Wilkes Booth (que é o cara que matou o presidente Lincoln). E para provar a inocência do seu antepassado, limpando também o nome da família, Gates, e toda sua trupe, resolvem, é claro, correr atrás de um tesouro. Para começar, eu não vi até agora onde fica a lógica de que: caçar um tesouro vai limpar o nome do vovô do protagonista. Sério mesmo, se você viu o filme já parou para pensar nisso?!?! Achando o tesouro, é claro que isso acontece no final e a cena é ridiculamente parecida com a do filme anterior, não prova que o cara é inocente e ponto!

Esse é mais um daqueles casos clássico de filmes esquecíveis. Essa continuação, assim como aquele que originou a série, é uma mera desculpa para arrecadar alguns milhões de dólares, um filme sem história, sem nada original e chato. Nada original você me pergunta? Isso mesmo. Logo no inicio, mesmo antes do filme começar tem algo do tipo. Sabe aquela brincadeira que tem em todos os Indianas Jones com a logo da Paramount fundindo a imagem da montanha à alguma parte do cenário? Então, não é que aqui tentaram fazer isso com o logo da produtora de Bruckenheimer?!?! O resultado, bem se nos filmes de Indy a coisa era legal e tinha todo um charme, aqui fica risível. E não é só. O Livro dos Segredos presta também uma “homenagem a homenagem” pegando uma cena de um dos 007 de Sean Connery, aquela que foi homenageada (de verdade) em True Lies onde Shwuarza em pessoa tira a roupa de mergulhador revelando estar com um smoking. E a emulação não para por ai.

Além de ser um filme totalmente descartável, A Lenda do Tesouro Perdido não passa também de uma “encheção de lingüiça” do começo ao fim. O roteiro é cheio de falhas e recursos pobres, só para exemplificar a coisa, no final do outro filme o casal Ben Gates e Abigail Chase (Diane Kruger) se casa e mora feliz numa mansão, já aqui eles começam o filme separados. “Ora!”, nada de mais você pode pensar, mas o que os roteiristas demonstram com isso é simplesmente uma falta de imaginação, Cormac e Marianne Wibberley pegam aquela coisa de “te odeio, mas, no fundo, te amo” do primeiro e repetem a fórmula aqui. Se pararmos para pensar na série da Múmia aconteceu algo parecido no primeiro, já no Retorno da Múmia o casal principal evoluiu e não regrediu. Tá bom, vocês devem estar achando que eu estou usando muitas comparações nessa crítica, mas sinceramente, é impossível não pensar nelas.

Outra falha da trama é a facilidade que Gates tem em decifrar os enigmas que aparecem pela frente. A habilidade do cara é tamanha que o que poderia ser interessante acaba tornado-se só mais uma “encheção” do roteiro. Em determinado momento, quando seu ajudante Riley Poole (Justin Bartha) resolve um dos enigmas, Gates não leva muita fé no amigo. Ora bolas! O cara decifra códigos e enigmas impossíveis de se compreender e quando Riley aparece com uma resposta “simples” para um dos enigmas o cara não acredita, se bem que ai existe um dos únicos lampejos de inteligência dos roteiristas. A resposta do atrapalhado assistente deixa em cheque a confiança de Gates, ele simplesmente cala a boca do historiador dizendo algo como: “Você vem sempre com menos argumento e eu sempre acredito”.

As situações absurdas que os personagens são colocados são de fazer rir mesmo que essa não seja a intenção. Em determinado momento Gates avisa a seu grupo de vai seqüestrar o Presidente dos EUA (Bruce Greenwood) a situação é tão ridícula que eu não pensei duas vezes antes de soltar um “tá de brincadeira!” Se Gates trabalhasse para um grupo terrorista qualquer, não teria FBI, CIA, McGuiver, John McClane que desse conta do recado! Ah sim, também há uma quantidade considerável de coincidências absurdas no filme o que também me fez rir muitas vezes.

O que mais o filme têm de ruim? Ah sim, as atuações. Sempre é sofrível ver Cage em “ação” não é mesmo?!?! Existem dois tipos de atores ruins, aquele cara que mesmo canastra tem um charme e ar cool e tem os caras tipo Cage, sempre apagado e só se destacando quando dá uma de louco gritando e gesticulando. A única cena onde ele se destaca mesmo é quando o personagem e sua ex armam um barraco no palácio de Buckingham, mas a cena é tão sem sal que chega a dar um pouco de vergonha alheia. Ah sim, o filme tem um vilão tão caricato e tão instável que até agora não saquei qual foi a dele. O cara é interpretado por Ed Harris, mas ele não se decide em ser um homicida perverso ou simplesmente um concorrente dos Gates. Também estão lá os pais de Ben, Patrick Gates (Jon Voight) e Emily Appleton (Hellen Mirren), esses dois são boas surpresas, mas nota-se que estão no automático em alguns momentos. É, eles têm que pagar as contas né! Mas a melhor surpresa mesmo é Justin Bartha, se bem que chega uma hora que seu personagem vira um chato, isso graças à falta de bom senso dos roteiristas em usar as piadas do personagem em excesso.

Se você cresceu vendo Indiana Jones, assim como eu, não vá para o cinema esperando ver uma versão atual do herói. A Lenda... é uma bobeira emulada sem graça com apelo ao grande público atrás de um par de horas de diversão sem propósito. Esperem em breve uma continuação de A Lenda do Tesouro Perdido: O Livro dos Segredos, isso fica mais do que claro no final do longa.

3 comentários

  1. Anônimo on 31 de janeiro de 2008 às 11:01

    Esse filme eu não vou ver não...

     
  2. Thiago Flôres on 31 de janeiro de 2008 às 11:03

    faz bem!

     
  3. Anônimo on 7 de janeiro de 2009 às 01:53

    Olá. Assisti o filme e achei muito bom, para divertimento. Não concordo com o crítico sobre a parte em que diz que Gates corre atrás de um tesouro para provar a inocência de seu pai. Assistindo o filme com mais atenção, percebe-se claramente que, ao procurar documentos para inocentar o seu pai, ele acaba encontrando as evidências de um possível tesouro. Acredito que deve-se assistir a um filme pelos menos umas 3 vezes, para fazer qualquer crítica. Críticas de impressões iniciais, para um filme de aventura e ação como esse, não podem ser consideradas em sua totalidade. Assisti 3 vezes o filme, e entendi melhor a sua estrutura. Se não gosta deste tipo de filme, faça algo melhor: não assista! Mas isso é gosto pessoal... Abraços.